As vendas de automóveis cresceram 14,69% no primeiro trimestre de 2023 no Rio Grande do Norte, em comparação com o mesmo período do ano passado. Ao todo, neste intervalo, foram 9.636 vendas ante 8.402 em 2022. O movimento positivo foi registrado pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos (Sincodiv-RN) e ocorre em meio a baixas no setor a nível nacional, que convive com produção limitada e paradas temporárias de fábricas. Em Natal, o aumento foi mais tímido, de 4,48%, mas demonstra que o segmento deve se recuperar neste ano e atingir os patamares do período pré-pandemia, de acordo com os especialistas da área.
Os dados do Sincodiv-RN mostram ainda que o crescimento das vendas foi observado em quase todas as categorias de veículos nos primeiros três meses deste ano. Entre os mais populares, os automóveis registraram acréscimo de 4,72% e as motos tiveram um crescimento de 22,86%. Os maiores aumentos foram nas categorias ônibus (435,29%); implemento rodoviário, que são reboques ou carrocerias (75%); e caminhão (66,40%). Houve redução (-9,38%) somente entre os veículos do tipo comercial leve, que são vans de transporte de mercadoria.
A gerente da Nacional Veículos, Tessy Ramos, que atua no setor de seminovos, diz que os números são indicativos de um mercado mais aquecido nos próximos meses, a despeito da atual taxa de juros, de 13,75%, o que dificulta o acesso ao crédito. “Quando a gente compara com a base de dados de 2022, o aumento não é tão expressivo, mas a gente está otimista neste segundo semestre para reagir e aumentar esse percentual”, diz.
Ela acrescenta que os atores do setor têm se movimentado para compensar o cenário de incerteza no campo econômico do País. “Com essa taxa de juros, o mercado dá uma tensionada, algumas fábricas deram férias coletivas. Porém, temos estoque, temos produtos para oferecer. As montadoras estão se movimentando junto aos bancos para oferecer taxas diferenciadas e dar um atrativo para o consumidor. São estratégias para o consumidor voltar a girar esse dinheiro e voltar a comprar os carros”, detalha.
O gerente comercial da Toyolex, André Morais, explica que os números ilustram bem a dinâmica dos últimos anos e apontam para o equilíbrio do segmento. Ele analisa que o crescimento no início deste ano já era esperado devido ao comparativo com o período de falta de componentes no mercado, que ocorreu ao longo da pandemia até o primeiro semestre do ano passado. Vale lembrar que a crise da falta de semicondutores suspendeu produções no mundo inteiro entre 2021 e 2022.
“No ano passado o mercado estava sofrendo com a falta do produto. Estávamos com a oferta comprometida. A gente estava com a produção mais baixa e só veio ficar regular no segundo semestre do ano passado. Foi quando a gente teve uma normalidade de estoque. Hoje isso já está equilibrado, então, naturalmente a venda aumentaria porque hoje tem o produto”, pontua.
Além do otimismo, característico de quem trabalha na área de vendas, o gerente comercial diz que a estabilidade econômica do País é preponderante para que o consumidor se aproxime das concessionárias.
O empresário Wagner Pedrosa é um dos que está atento ao que vem acontecendo no mercado, tanto que pesquisou para saber a viabilidade de adquirir um novo modelo no momento. “Estou trabalhando fora, em Mossoró, e tive que tirar o carro da família. Agora estou vendo se consigo repor”, conta.
Pedrosa, que atua na área petroleira, diz que busca informações sobre o mercado. “Por isso a pesquisa é importante. Como é uma coisa muito dinâmica, a gente precisa pesquisar, ver as melhores oportunidades para saber se a gente consegue encaixar no orçamento”, complementa.